terça-feira, 19 de março de 2013

UFMG.Alunos do curso de direito amarram calouros e usam símbolos que incitam preconceito e nazismo
Estudantes fazem trote racista
Reitoria divulga nota de repúdio e abre sindicância para punir envolvidos
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FOTO: REPRODUÇÃO/FACEBOOK
Exposição. Aluno de direito da UFMG aparece ao lado de caloura pintada de negro, acorrentada e com uma placa com mensagem racista
Um trote considerado violento e racista, aplicado por estudantes de direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), voltou a reacender a discussão sobre o controle desse tipo de prática no ambiente universitário. Apesar de ser proibida, a recepção dos veteranos aos calouros foi realizada na última sexta-feira, dentro do campus, no centro de Belo Horizonte. Dessa vez, os alunos utilizaram símbolos que incitavam o racismo e o nazismo, gerando grande polêmica nas redes sociais e entre professores e alunos.

Usuários do Facebook postaram as fotos do trote, que foram compartilhadas, até a noite de ontem, por mais de 6.000 pessoas que faziam críticas aos episódios. Em uma das imagens, uma estudante, pintada de negro e algemada, segurava uma placa que dizia: "Caloura Chica da Silva". Em outra, um aluno pintado de vermelho com um bigode igual ao do ditador nazista Adolf Hitler estava amarrado a uma pilastra.

Para o sociólogo Manuel Neto, é preciso adotar medidas mais rígidas de punição. "Essa é uma forma de assédio moral e constrangimento grave, ainda mais por ter sido com conotação racista", disse.

A UFMG divulgou nota de repúdio ao ato e informou que vai abrir uma sindicância para apurar os responsáveis, que podem ser punidos com advertência e até exclusão do curso. "Apesar de termos seguranças na universidade, é difícil controlar. Proibimos, fazemos campanhas e eventos para receber os calouros, mas, infelizmente, os trotes continuam ocorrendo", explicou a vice-reitora, Rocksane Norton. Segundo ela, até hoje, nenhum um aluno foi expulso da faculdade por praticar trotes, mas apenas advertidos e suspensos.

O professor de direito da universidade Túlio Viana afirmou que a comunidade acadêmica está revoltada com o ocorrido. "Todos foram pegos de surpresa por esse fato. Geralmente, esses trotes não são planejados apenas por uma ou duas pessoas, mas por grupos maiores", disse.

Estudantes, professores e funcionários da instituição criaram uma página no Facebook e programaram uma manifestação para as 12h de hoje, no Instituto de Ciências Biológicas da UFMG. O Centro Acadêmico Afonso Pena (CAAP), da Faculdade de Direito, vai se reunir hoje, às 11h30, também para discutir as versões e as reclamações sobre o trote. Ontem, os alunos da faculdade estavam reunidos para discutir o posicionamento do Centro Acadêmico diante do ocorrido.

Ainda na internet, alguns posts defendiam os estudantes que participaram da brincadeira afirmando que os envolvidos são "pessoas honestas e decentes". Eles alegavam ainda que "ninguém foi humilhado ou forçado a nada". A reportagem de O TEMPO tentou entrar em contato com os alunos que aparecem nas fotos, mas não obteve retorno.

Por se tratar de estudantes de direito, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG) também foi procurada, mas não se pronunciou. (Com Bernardo Miranda)
Sequelas
Trotes deixaram feridos em outros Estados
Outros dois trotes que ocorreram na semana passada acabaram por causar problemas de saúde aos calouros. Na última quarta-feira, um estudante da Universidade Estadual de Goiás (UEG) teve a visão afetada após seu olho ser atingido por tinta durante recepção dos veteranos da instituição, em frente ao campus da cidade de Ipameri. Mesmo machucado, ele foi obrigado a participar do ritual por mais três horas. A vítima, que não quis se identificar, continua com o olho ardendo e sem enxergar direito.

Já em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a aluna do 1º ano do ensino médio, Isabela Hartmann Rost, 14, corre o risco de perder parte da visão após ser atingida por um ovo durante trote no Colégio Anchieta, um dos mais tradicionais da capital gaúcha, no último dia 13. Desde o ocorrido, ela tem que ir ao oftalmologista todos os dias para medir a pressão ocular.

Por causa da lesão, Isabela não pode se deitar e tem que dormir sentada. Os médicos que atendem à garota afirmam que ainda não é possível determinar a extensão das lesões. "Queria que a escola agisse de uma forma rigorosa para que esse trote não existisse mais", disse Claudia, Hartman, mãe de Isabela. (BM/JS/com agências)
fonte o tempo

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