sábado, 24 de novembro de 2012

Enem evidencia abismo entre as redes pública e particular
As primeiras no ranking selecionam alunos e têm turmas menores

FOTO: DENIS FERREIRA NETTO/AE - 22.10.2011
Brasília. A média das escolas brasileiras no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2011, divulgada anteontem pelo Ministério da Educação (MEC), evidencia duas tendências: o abismo entre as instituições das redes pública e privada e a pré-seleção de alunos pelos colégios mais bem-colocados. Segundo o MEC, a nota das escolas privadas ficou em 569,2 contra 474,2 das escolas públicas.

Para o ministro Aloizio Mercadante (Educação), as melhores notas não representam apenas as melhores práticas pedagógicas, mas também a seleção dos melhores alunos. "O melhor desempenho, por padrão, é das escolas que pré-selecionam os estudantes", admitiu.

O presidente do Inep, órgão responsável pelo Enem, destacou que a pequena quantidade de alunos numa determinada escola também interfere na posição. Entre as dez com melhor posição, sete têm menos de cem alunos concluintes do ensino médio.

Entre as mil primeiras colocadas no ranking, apenas 78 são públicas. Nenhuma delas é considerada regular. Elas são chamadas de escolas-modelo - colégios técnicos ou unidades mantidas por universidades federais ou pelo Exército - e muitas têm seleção de alunos.

Entre as poucas escolas públicas que fazem parte do grupo, mais de 70% são federais, sendo que boa parte está ligada a instituições de ensino superior. São unidades cujos candidatos são selecionados por meio de vestibulinho. É o caso do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), o Coluni, na nona posição do ranking e única escola pública a figurar entre as dez melhores do Brasil no Enem 2011. A instituição também seleciona estudantes para as 150 vagas oferecidas por ano.

O mesmo ocorre nas nove demais públicas que figuram entre as cem primeiras do ranking: Colégio de Aplicação da UFPE (PE), Ifes Campus Vitória (ES), Colégio Militar de Belo Horizonte (MG), Instituto de Aplicação da Uerj (RJ), Colégio Militar de Porto Alegre (RS), Escola Técnica Estadual de São Paulo (SP), Colégio Técnico da UFMG (MG), Colégio Pedro II (RJ) e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (PR).
`Cuidado para comparar o que não é comparável´
Brasília. "Cuidado para não comparar o que não é comparável", alertou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Segundo ele, o ministério vai convidar as melhores escolas para trocar experiências e, eventualmente, elaborar diretrizes para as demais.

Para isso, disse, o ministério também fará um ranking "só com as escolas ‘porta aberta’", com a intenção de convidá-las ao debate. "O objetivo desse trabalho não é o ranking. Nós estamos comparando escolas que têm condições absolutamente distintas, especialmente aquelas que selecionam e não selecionam", completou o ministro.

Francisco Soares, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) especialista em avaliação, argumenta ainda que é preciso colocar luz sobre o nível socioeconômico dos alunos matriculados numa determinada instituição de ensino. "Não dá para dizer que essa escola é pior do que aquela quando o aluno de uma leva menos para a escola do que aluno da outra".
fonte o tempo

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